Por Thiago Picanço
A pauta da semana é a dificuldade de acompanhar todos os protestos que acontecem ao redor do mundo neste momento.
Chile, Bolívia, Equador, Hong Kong, Líbano, Catalunha, França e Reino Unido são apenas exemplos de uma longa lista de países onde demonstrações de descontentamento em massa vêm acontecendo. Há décadas não se vê tantos movimentos populares simultâneos numa escala tão global.
As conexões entre eles, entretanto, não vão muito longe. Os fatos que deram início aos protestos foram os mais variados: no Chile, um aumento de 4% nas tarifas de metrô; na Bolívia, uma reeleição suspeita; no Equador, a retirada de subsídios dos combustíveis; em Hong Kong, uma nova lei permitindo extradição de criminosos para a China; etc.
Comentaristas geopolíticos têm tentado de toda forma identificar links entre os protestos, sejam eles econômicos, demográficos ou de natureza conspiratória, mas poucas respostas são satisfatórias. É inegável também a relevância das redes sociais no processo de difundir e ecoar frustrações individuais e comunitárias.
Acompanhamos estes acontecimentos com muita cautela, pois, de todos os tipos de risco de mercado, as “incógnitas desconhecidas” (unknown unknowns) são os mais perigosos e os que têm maiores chances de levar a resultados de cauda, positivos ou negativos.
Nós brasileiros tivemos nos últimos anos as nossas próprias experiências com protestos (sendo a greve dos caminhoneiros a experiência recente mais relevante), e sabemos bem os impactos que podem ter nos mercados do dia para a noite. Em termos de alocação e construção de portfólio, estes acontecimentos servem de lembrete para nós investidores que mesmo situações aparentemente estáveis (Chile, França, Reino Unido, etc.) podem mudar rapidamente e inesperadamente, ressaltando mais uma vez a importância da diversificação.
Sugestões de leitura:
The Economist (14/11) – Economics, demography and social media only partly explain the protests roiling so many countries today
Financial Times (25/10) – Leaderless rebellion: how social media enables global protests