Por Thiago Picanço
Nesta quarta-feira (15/jan) Estados Unidos e China assinam em Washington a primeira fase do seu acordo comercial, quase dois anos depois do início das tensões.
Os detalhes do acordo ainda não são claros, mas se espera que os EUA cancelem a próxima rodada de tarifas de importação de produtos chineses e reduza pela metade algumas das taxas já aplicadas desde setembro do ano passado. Para a ocasião, os EUA retiraram a China da lista de manipuladores de moeda, um gesto de boa vontade importante para Pequim. Enquanto isso, os Chineses devem se comprometer com a compra de bilhões de dólares em produtos americanos de setores estratégicos (especialmente itens agrários e industriais, setores importantes para a reeleição de Donald Trump).
O acordo vem num momento importante para ambos os lados: Trump está em ano de eleição e pode comunicar o acordo para seus eleitores como uma vitória do seu mandato, enquanto a China de Xi Jinping ganha um alívio temporário numa semana em que o partido comunista chinês perdeu espaço em Taiwan para o partido pró-independência.
Apesar da trégua parcial, há uma longa lista acumulada de tarifas e restrições que devem permanecer intactas: muitas das tarifas aplicadas hoje por EUA e China não devem sofrer alterações, a Huawei deve continuar na lista negra do departamento de comércio americano e o modus operandi da China em relação a propriedade intelectual deve continuar.
Acreditamos que esta rivalidade está longe de ser passageira e deve continuar pelas próximas décadas. Assim, assistimos a este primeiro acordo enquanto já nos perguntamos sobre qual será o próximo ponto de atrito entre as duas superpotências. No curto prazo, porém, esta frágil trégua mitiga alguns riscos para a economia global e é, portanto, positiva para o mercado de capitais.